Blog do ilustrador carioca
Fernando ROMEIRO.
Aqui são postados ilustrações, caricaturas, retratos, telas, esculturas e outros objetos artísticos...
O autor:
Romeiro é mestre em Artes Visuais pela Uerj. Graduou-se em jornalismo pela UFRJ e em Educação Artística pelo Bennett. Trabalha desde 2006 como ilustrador da Fundação Cecierj.
Desenhar o corpo humano usando um modelo estático é exercício obrigatório nos cursos de arte. O trabalho de ficar imóvel, como um morto, numa única pose, por longos minutos é tão difícil quanto o de captar todas as nuances da imagem tridimensional e expressá-las no desenho. Nem sempre o modelo consegue manter a mesma expressão até o fim do exercício, mas o desenho quando baseado em um corpo real será quase sempre muito vivo e expressivo.
Esse desenho do perfil de uma modelo eu fiz nas aulas do mestre Lydio Bandeira de Mello, artista que tem afrescos em igrejas da Itália e professor que não se incomoda em ensinar o que sabe. Desenho feito com pastel seco sobre papel cinza azulado.
O pessoal da Accenture me chamou pra fazer a caricatura de um grupo de seus sócios para imprimir em camisetas. Taí o resultado do trabalho que tem a arrumação parecida com a de um poster de time de futebol.
Quem quer fazer um casamento informal e descontraído pode começar optando por um convite bem humorado. Já fiz várias caricaturas pra casamentos, e essa aqui foi uma delas: Não me lembro do nome desses noivos simpáticos que encomendaram o desenho, mas desejo a eles uma vida a dois cheia de alegrias. Achei legal eles optarem por serem retratados sem o figurino fraque/vestido branco e véu (que é o mais comum nos desenhos que fiz). A caricatura tem um impacto maior praqueles que conhecem os caricaturados, mas postei a imagem mesmo assim.
Usei papel branco e aquarela pra pintar o elefante e o pássaro. Usei fotos de uma enciclopédia como modelo. A tinta aguada percorre e embebe o papel com suas cores ricas e translúcidas; o desafio está em controlar as manchas pra produzir o efeito esperado.
Pra se fazer bons desenhos, é bom que se domine as formas. A prática da escultura dá um entedimento mais rico (porque tridimensional) de tudo que é sólido e visível. Quando voltamos ao papel depois de fazer uma escultura, seguramente desenhamos melhor. Diferentemente do ato de modelar, a tarefa de esculpir requer o raciocínio de enxergar na forma original bruta, o resultado final que esperamos obter e retirar tudo que não fizer parte desse resultado imaginado. Michelangelo dizia que os corpos (de suas estátuas) já estavam dentro dos blocos de mármore, ele apenas os via e libertava-os atacando a pedra nos lugares certos. Esculpi essas máscaras na parte externa de gamelas (recipientes de madeira maciça vendidos em casas de macumba) e usei betume e tinta acrílica na pintura. É engraçado perceber que as referências visíveis no trabalho são muitas... Essas tigelas costumam ter função em rituais afro-brasileiros e as máscaras, de alguma forma, terminaram por lembrar coisas tribais africanas. Enquanto as fazia, porém, eu pensava apenas na dupla figura do antigo teatro grego (tragédia e comédia) e nos rostos caricatos dos desenhos animados contemporâneos. Que bagunça.
Esse aqui é um exercício de fisionomia e claro-escuro. Fiz com carvão, num papel jornal bem vagabundo. O rosto da menina é cópia de um detalhe de uma tela do gênio espanhol Diego Velásquez. Conhecer o trabalho de artistas históricos é um aprendizado sensacional... Não dá pra inventar a roda e achar que é novidade!
Em 2001 trabalhei na editoria de arte do jornal O Globo. Essa garotinha arregalada, colorida com aquarela, saiu nos passatempos do Globinho, suplemento infantil que circulava no domingo, com mais 400 mil exemplares.